Estive na Fnac. Namorei com os livros; almocei uma página quando o meu olhar ficou preso a uma montanha de ideias. E revi velhos conhecidos que há muito navegavam no desconhecido. Esse turbilhão cultural, apimentado com lufadas do passado, permitiu-me refrescar o pensamento e permite-me, no dia seguinte, acordar com flores nos lábios. Não é por acaso que, quando tiro o pé da cama, ouve-se um pássaro a chilrear.
No exterior, a manhã é uma pequena noite porque as nuvens são tristezas que correm para a linha que divide o céu da terra. Perto da igreja, as beatas falam da vida dos outros. Do outro lado da praça estão bocas secas e línguas afiadas, que apenas dão caneladas na gramática ou dizem mal de quem aparece na televisão. E por cima, a dois palmos das telhas, aparecem cabeças taciturnas para prever o futuro.
Faço o mesmo. Mas a paisagem é um túmulo. Por isso fecho a janela e vou para o interior do ninho. Pouco depois, a tarde pinta o céu de azul e eu saio de casa com roupa de Inverno.
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